A com a chegada dos portugueses em 1500, e posteriormente com a expedições de Martin Afonso de Sousa inicia – se assim o período do Brasil colonial, período este que marca o domínio português diante dos nativos já existentes, domínio este presente na imposição cultural e subjugando – os a uma escravidão ou trabalhos forçados.
A imposição cultural se deu com a “cristianização dos nativos”, ou seja, os nativos foram catequizados dentro da fé católica e por muitas vezes fora forçados a receber o batismo, assim os jesuítas passaram também a alfabetizar os índios e a coibir representações e festejos próprios de suas culturas, assim, os índios foram aos poucos deixando suas antigas crenças e cultos e hábitos cotidiano, pois eram orientados pela igreja a não mais andarem nus ou a viverem em ocas comunitárias, assim aos poucos a religiosidade e os costumes portugueses se fundem a muitos costumes do nativo, esta é uma característica muito interessante, pois não podemos afirmar que a cultura européia subjugou ou destruiu a nativa, mais que houve em muitos casos uma mistura ou a cultura nativa deixou contribuição como na língua ( palavras de origem indígena como arara, suçuarana), alimentares ( mandioca, pipoca), medicinais como o uso de plantas e raízes para cura de várias doenças, musicais com o uso de instrumentos e ritmos indígenas ( cateretê) e até religiosos pois até mesmo a fé católica sofreu um certo sincretismo e adaptou –se dentro da realidade e cosmovisão nativa (mito de Monan).
Portanto, nunca podemos pensar que houve uma cultura vencedora, na verdade existiu uma cultura que predominou em mais aspectos, mas quando se coloca duas ou mais em contato sempre dará inicio a uma nova, assim também foi no período colonial brasileiro, pois embora os europeus viessem com uma cultura arraigada e com uma idéia antropocêntrica, este mesmo sendo imposta e defendida como único modo de desenvolvimento, felicidade e salvação, esta passou por um período de fusão ou como alguns estudiosos preferem uma adaptação diante da formação da cultura brasileira.
A principio a partir de 1500 até o período de capitanias hereditárias, a vida cotidiana cultural era basicamente religiosa, onde os jesuítas como já citamos se ocupavam de catequizar os silvícolas e leva – los ao batismo, e os viajantes se ocupavam de negociar com estes silvícolas, dando – lhes presentes, visando a troca pelo pau – Brasil ou usando – os como guia na busca de metais preciosos. Não havia neste período uma preocupação em fixar – se em novas terras, portanto a arquitetura e movimentos arquitetônicos não tiveram espaço, não se construíram palácios, grandes casas ou prédios, mas toda arquitetura era provisória, ou muitas vezes os viajantes nem se davam o trabalho de construir morada, preferiam ficar nas caravelas ou hospedados em tribos amigas, as únicas construções permanentes eram os fortes que tinham por objetivo proteger a terra.
Com o período das Capitanias hereditárias a vida cultural cotidiana começa a mudar, pois agora inicia – se um período de migração ( ainda que tímida), mas, muitos portugueses viram para a colônia com o objetivo de fixar – se, ou seja, agora construiriam casas, igrejas, vendas, prédios públicos, tinham que desenvolver uma agricultura de subsistência e criar uma política comercial, como a escravidão do índio estava sendo criticada pela igreja, e em muitos casos os próprios índios não se subjugavam facilmente e por conhecer bem e saber sobreviver em meio as matas e florestas, tinham facilidade de fugir, assim iniciou – se o comércio de escravos, pois estes já eram escravizados a muito tempo havia um intenso comercio, além dos negros terem uma maior resistência física ( os índio morriam pelas doenças dos europeus), estes não conheciam as florestas e já conviviam coma realidade da escravidão, embora muitos se suicidassem, fugiam ou se revoltasse, em sua maioria se submetia a escravidão, a escravidão dos negros ainda teve um outro ponto de apoio, pois a igreja os consideravam homens sem alma, ou seja, podiam ser escravizados, embora esta posição fosse incoerente e frágil, pois ao chegar na colônia o negro não podia cultuar seus deuses ou manifestar sua cultura religiosa, freqüentavam missas e atos religiosos, ou seja na prática eram “católicos” mais na teoria não tinham direito a salvação para que se justificasse a escravidão.
Com a vinda dos negros oriundos de vários povos africanos, estes trouxeram uma nova faceta na vida cultural brasileira, pois agora vão preencher uma nova camada da sociedade, os escravos, e trazem sua cultura e crenças que irão a exemplo dos indígenas se misturarem com a cultura já existente, o sincretismo é inevitável, pois os negros utilizam os nomes e imagens católicas para rebatizar seus deuses, na alimentação temos a influencia desse período a feijoada, dobradinha etc. eram comida de escravos por serem fortes e feitas com o que sobrava da casa do senhor, a musica ganhou a influencia dos cantos afros, batuques e danças (capoeira), a língua recebeu influencia das centenas de dialetos falados pelos afros que romperam o idioma e se misturaram a nossa gramática. Foi a miscigenação, onde a mistura ou cruzamento de raças deu origem a uma nação com traços específicos.
Outro fato cultural importante desses cruzamentos temos três grupos étnicos predominantes, sendo: mulato (branco + negro), o mais numeroso; caboclo ou mameluco (branco + índio) e cafuzo (negro + índio), os menos numeroso. Esta miscigenação deu cara a noção e cultura brasileira em formação.
A vida cultural na colônia era uma relação de convívio, onde todos viviam em sociedade e trocavam quase que inconscientemente sua maneira de viver, embora a cultura portuguesa aliando a igreja e seus costumes de certa maneira predominassem os nativos e afros não desprezaram ou abandonaram totalmente suas raízes, mas procuraram adaptar – se. Portanto, a educação formal era algo raro, sendo tarefa dos jesuítas educarem, mas esta educação se limitava no treinamento do clero, catequização do indígena, havia poucas escolas e poucos mestres e professores, as profissões era aprendidas na prática, até mesmo a medicina era aprendida na prática, onde um médico mais experiente ensinava em loco seu aprendiz.
Na arquitetura tivemos um predomínio português, igrejas e catedrais foram construídas, o estilo barroco tive grande espaço principalmente no período do ciclo do ouro ( Já que o estilo valorizava o belo e a riqueza), onde também nas artes plásticas nomes como de aleijadinho se destacaram nos ornamentos sacros, nas artes tivemos pintores europeus que também se destacaram em solo tupiniquim como Jean Baptiste Debret que fundou no Rio de Janeiro uma academia de artes e oficio ( 1817).
A partir de 1808 a vida cultural brasileira ganhou um novo rumo, pois migrou para as novas terras a família real e sua corte, assim, artistas, atores, cantores, pintores, arquitetos, urbanistas, bibliotecários, escritores e poetas lusitanos passaram a desenvolver sua arte e cultura na colônia, com isto fundou – se escolas, teatros, bibliotecas, universidades, construiu – se igrejas, catedrais, melhorou o saneamento das cidades e melhoras na condição de vida.
Com a chegada de D. João VI a colônia pode então estruturar sua cultura e mesmo a principio reproduzissem as manifestações de arte européia ( barroco e rococó) logo estes manifestações com característica européias se abrasileiraram, e passaram a ter um toque nacional e autóctone.
Bibliografia:
GOMES, Laurentino; 1808 como uma areinha louca, um príncipe medroso e
Uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e Brasil, Ed. Planeta, 2007.
HOLANDA, Sergio Buarque, Raízes do Brasil, companhia das letras, 26 edição,
2009
STADEN, Hans, Viagem ao Brasil, Ed. Mertin claret, 2007.
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